domingo, 18 de maio de 2008

Desmotivação Escolar

Esse é um artigo que eu escrevi a algum tempo........ aproximadamente dois anos! Já vinha pensando em publicá-lo a algum tempo, e com a criação de meu blog, surgiu essa oportunidades.
Desde que respeitada devidamente citado, todos podem utilizá-lo como referência para trabalhos que realizarem!

Abraço a todos!

Aguardo os comentários!




O que leva o aluno a desmotivação para o estudo?

O momento do planejamento, para todos os professores, é de muita expectativa. Nele colocamos nosso desejo de que os alunos adquiram um novo conhecimento, assimilando e acomodando as novas informações em busca de uma aprendizagem significativa.
Ao planejar, procuramos utilizar atividades e metodologias variadas, a fim de tornar nossas aulas atraentes e motivadoras aos nossos alunos.
Mas, não é raro chegarmos a sala de aula e nos depararmos com alunos que gostariam de estar em qualquer lugar diferente da sala de aula.
A desmotivação para o estudo é realidade na maioria de nossas escolas, por isso, é de fundamental importância que se reflita sobre o tema.
Ela vem sendo observada não só pelos professores. Muitos pais já perceberam isso em seus filhos, sendo essencialmente as atitudes destes que revelam o problema.
De acordo com Ruiz (2004, p. 13):
Exemplos disto são as queixas cada vez mais freqüentes dos pais a respeito do baixo valor atribuído pelos seus filhos à escola e dos professores manifestando sua preocupação com a falta de interesse, com o baixo rendimento, com a pequena participação nas aulas e com o pouco tempo dedicado pelos alunos às atividades acadêmicas fora da classe, sem falar nos comportamentos de indisciplina em sala de aula e no fracasso ou evasão, muitas vezes resultantes deste quadro.

O que impressiona é que essa realidade apresentada por Ruiz atinge alunos de todas as idades, séries, raças, classes sociais... Inclusive as crianças que estão em seus primeiros anos escolares vêm demonstrando sua desmotivação através de atitudes e comportamentos semelhantes aos citados anteriormente.
Sabemos que a principal fonte de motivação são nossos próprios desejos, as metas que traçamos, os objetivos que almejamos atingir. Porém, é possível perceber que em crianças provenientes das classes sociais mais baixas (muitos casos sendo os pais analfabetos funcionais, satisfazendo-se com o fato de seus filhos saberem ler e escrever) as expectativas de um futuro melhor baseado em seus estudos e, de seus filhos, é quase nenhuma. Com isso, muitos desses pais deixam de cobrar de seus filhos a realização das tarefas de casa.
Isso também foi apontado em uma pesquisa realizada por Knüppe (2006). As professoras entrevistadas apontaram que o incentivo da família é um dos fatores motivadores para os alunos.
Podemos perceber isso em nossas salas de aula, observando nossos alunos. Aqueles cujos pais acompanham sua vida escolar normalmente mostram-se mais motivados e interessados, o que facilita o processo de aprendizagem, sendo mais difícil de ocorrer dificuldades nesta.
Por outro lado, também percebemos que muitas crianças preferem brincar com jogos eletrônicos, por isso não realizam as atividades escolares. Chegam à escola preocupados com a hora da saída para poderem dar continuidade às suas brincadeiras em casa. Outros tantos, não vêm à hora de voltar para casa para poder assistir televisão.
Quanto a esses atrativos, que são oferecidos pela mídia, através dos vários meios de comunicação à que as crianças têm acesso, Knüppe (2006, p. 278) nos afirma:
Os atrativos oferecidos pela mídia despertam interesses que estão além do simples fato de freqüentarem uma escola. No entanto, essa, muitas vezes, não oferece os mesmos atrativos, o que na maioria dos casos gera certos desinteresses e falta de motivação pelos estudos, pois para uma criança, brincar é muito mais interessante do que estudar. Embora as pessoas saibam da importância da educação para o desenvolvimento do ser humano, fazer com que os meninos e as meninas compreendam isso é um grande desafio.

Partindo da concepção de que “brincar é mais interessante do que estudar”, é que muitos professores estão trabalhando mais com jogos pedagógicos, histórias dramatizadas, passeios,... Enfim, atividades que sejam mais atrativas para os alunos e que – acima de tudo – partem da realidade deles gerando mais interesse e motivação pelos estudos.
Mas, esses “atrativos pedagógicos” não são garantia de que todos os alunos estarão motivados, nem que se extinguirão as dificuldades de aprendizagem.
Aliás, essas também são uma das causas da desmotivação para o estudo. Algumas das dificuldades de aprendizagem mais comuns são a disgrafia, a discalculia e a dislexia.
Muitas crianças que apresentam alguma dessas dificuldades acabam sendo vistas como desinteressadas ou desmotivadas, sendo ‘cobradas’ por algo que não têm como pagar, ou demonstrar/apresentar.
Sabemos que crianças que apresentam essas dificuldades precisam de um acompanhamento mais atento e individualizado para poderem apresentar progressos ao nível de suas potencialidades. Porém, em salas de aula com turmas numerosas de alunos, a realização de tal atendimento fica comprometida.
Diante disso, podem ocorrer reações como a apatia e a revolta por parte desses alunos, que não conseguem acompanhar o restante da turma. Revolta essa que pode ser agravada de acordo com o contexto familiar em que essa criança vive.
Uma forma desses alunos mostrarem sua revolta é através de agressões aos colegas. Essas agressões podem ser feitas de diversas formas. Através de gestos, palavras e – até mesmo – chegando à violência física.
Em nossas escolas, a violência vem atingindo proporções assustadoras. Muitas são as crianças que têm medo deste ou daquele colega. Outros tantos professores ficam receosos de trabalhar nesta ou naquela turma em virtude de algum(s) aluno(s) que estão aí, sendo que, não é raro ser necessário separar brigas entre alunos dentro da escola.
Lahire (1997, p. 59) nos diz que, “a escola não é um simples lugar de aprendizagem de saberes, mas sim, e ao mesmo tempo, um lugar de aprendizagem de formas de exercício do poder e de relações com o poder”. Em turmas onde há alunos em defasagem idade/série (seja pela repetência, pelo acesso tardio ou mesmo pela evasão e conseqüente retorno, já que a legislação prevê que todas as pessoas até os 18 anos precisam estar freqüentando a escola) é bastante comum os maiores amedrontarem os menores, através de ameaças e agressões, conquistando – dessa forma – poder sobre esses.
Nos alunos que são ameaçados e agredidos é possível perceber uma grande mudança em seu comportamento, pois normalmente refletem seu medo através da desmotivação.
Precisamos observar com atenção as mudanças em relação às atitudes e comportamentos de nossos alunos, que podem ser sinais de desmotivação. Com o passar do tempo, essa desmotivação poderá vir a tomar outro rumo: o fracasso (insucesso) escolar.
Este que pode se manifestar de diversas formas. Como exemplos temos a evasão escolar antes do fim do ensino obrigatório e as reprovações sucessivas, dando lugar a grandes diferenças entre a idade cronológica do aluno e seu nível escolar.
Esses alunos, normalmente, serão rotulados, seja por seus pais, professores, colegas... E aí é que surge uma nova questão a ser discutida, a da Educação Inclusiva, na qual o aluno que apresentar qualquer tipo de problema, independente de qual seja, merece ser acolhido pela escola, por seus colegas, por seus professores.Esse aluno rotulado também precisa sentir-se acolhido e cabe a nós, professores, dar um voto de confiança a ele. Dessa forma, talvez não consigamos resolver por completo o problema, mas com certeza teremos feito a nossa parte e, principalmente, teremos feito a diferença para esse aluno.

9 comentários:

m@xi disse...

Suzana,
Achei muito interessante e oportuna a publicação deste artigo de tua autoria. Tive um prazer enorme em lê-lo, não apenas por ver que estás te apropriando das TICs para uma comunicação maior entre teus pares, mas sobretudo por tratar de um assunto do meu mais elevado interesse: a aprendizagem.

Dizias..
"O momento do planejamento, para todos os professores, é de muita expectativa. Nele colocamos nosso desejo de que os alunos adquiram um novo conhecimento, assimilando e acomodando as novas informações em busca de uma aprendizagem significativa. Ao planejar, procuramos utilizar atividades e metodologias variadas, a fim de tornar nossas aulas atraentes e motivadoras aos nossos alunos".

É a respeito deste trecho que gostaria de debater uma questão contigo e todos os leitores deste blog: nele vemos claramente que a preocupação central gira em torno da "aprendizagem" - sendo esta o mote de ação do professor para planejar sua aula. chega-se a citar os processos de acomodação e assimilação piagetianos da teoria da Epistemologia Genética.

A questão que eu trago no intuito de colaborar para uma discussão enriquecedora para todas nós a respeito do tema do post - "desmotivação" é: a acomodação e a assimilação (enquanto ações do sujeito que aprende) acontecem gradativamente, num processo de causalidade e implicação APENAS SE o planejamento do professor for aberto de modo a permitir que O ALUNO escolha, selecione, manipule, planeje, gerencie os assuntos ou objetos de estudo. Se isto for verdade, a desmotivação ocorre porque o professor não aprendeu ainda a trabalhar neste contexto, me parece. Afinal, não se trata de simplesmente dizer: "ok, façam o que quiserem". É imprescindível que o professor tenha um planjamento e saiba onde quer chegar para pdoer dar uma abertura dessas aos alunos - o que requer uma preparação teórica e prática ainda inexistentes nos cursos de formação de professores.

Eu me arriscaria a sugerir para que possamos debater e trocar ideias o seguinte convite: o que acontece se deixarmos que os alunos "PERGUNTEM" ? E se os incitarmos a "PERGUNTAR MAIS AINDA"? E se diante de SUAS curiosidades e interesses propusermos que eles busquem as respostas por meio de pesquisas ou projetos de aprendizagem sob nossa orientação e atenção?

O que aconteceria? Continuaria existindo desmotivação?

Anônimo disse...

Oi, Suzi!

Muito interessante o teu artigo. Ele trata de um tema atual e real no cotidiano das salas de aula.É também um bom tema para ser pesquisado mais a fundo. Quem sabe um dia possamos sentar para discuti-lo e trocar idéias.Carol

Unknown disse...

suzi!!! tá mt lindo teu blog!! mt legal mesmo! é bom ter um espaço p gente postar de vez em quando né??? Vou sempre q puder dar uma passada aki e dar uma lida!!! Bjus

Anônimo disse...

Olá!
Meu nome é Elisiane sou estudante de Letras Pesquisando para um trabalho, sobre motivação escolar, encontrei o teu Blog. Gostaria de te dizer que achei mais interesante e completo do que vários artigos que li.
Parabéns!
>> lysialmeida@yahoo.com.br

Unknown disse...

prof. Suzana meu nome é Jhone sou estudante de educação física e estou fazendo um trabalho sobre desmotivação na escola sera que você poderia dar a referência de:Ruiz (2004, p. 13)

Anônimo disse...

para mim a maior parte dos professores em portugal não tem vocação para serem professores,podem saber a teoria toda mas em termos de relacionamento com os alunos são muito maus.
Por isso é que não andamos para a frente.
Os professores também devem ser avaliados pelos alunos.
ai este país andava para a frente.

Anônimo disse...

professora, qual é a bibliografia que você se baseou para compor este texto? Está muito bom e vou utilizá-lo num portifólio. Mas que autores e livros vc se baseou?
recapalbo@yahoo.com.br

capu disse...

Parabens pelo POST, foi um dos mais completos e diretos que li, por favor gostaria de pedir pra que vc pudesse me indicar ou ate mesmo enviar material com o tema " desmotivação escolar", sou academico da faculdade de educação fisica, e minha pesquisa de TCC é justamente sobre a desmotivação escolar. estarei sempre seguindo o blog!!!
meu e-mail: ederson_capu@hotmail.com

Néa Souza disse...

Olá Suzana!
Adorei seu blog, e seu artigo sobre Desmotivação escolar.
Gostaria, se fosse possível, que vc me enviasse as referencias dos autores citados no seu artigo. Meu email: neasouza.bordados@yahoo.com.br
Desde já, agradeço.